quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Biografia com Emoção

     A Literatura é um universo de infinitas possibilidades e o(a) escritor(a) está sempre se testando e aprendendo. Sempre me dediquei ao romance, aos contos, ou seja, textos com um pézinho no mundo da lua ou que exageram a realidade, então, dias atrás enfrentei o desafio de escrever uma pequena autobiografia e uma biografia (da minha irmã). Nunca havia escrito este gênero, tive o receio de omitir ou exagerar algum fato, além claro, de que o texto se tornasse cansativo para o leitor.

     Optei por ser o mais honesta possível, na autobiografia fiz o texto na primeira pessoa do singular (Nasci...) pois achei que seria estranho escrever (Ana Lettiere nasceu...) como se estivesse falando de outra pessoa. A biografia da minha irmã foi um pouco mais fácil, comecei (Patrícia Lettiere nasceu...), embora fosse difícil controlar o impulso de fazer muitos elogios, já que além de sermos irmãs, somos amigas e admiro muito seu trabalho.
               
     Nos dois casos temí ser levada pela emoção e mencionar fatos que fariam o texto deixar de ser biográfico e ganhar ares de romance. Bem, ao final de tudo achei que o resultado até que não foi dos piores, para uma primeira experiência, penso que consegui resumir bem os fatos mais relevantes.
               
     Este desafio despertou em mim algumas considerações sobre o texto biográfico, pois tenho a impressão de que este gênero ainda enfrenta rejeição de alguns leitores e até mesmo de escritores.
Muita gente torce o nariz quando tem em mãos um livro biográfico, sempre vem com aquelas desculpas: são muitas páginas, vou ler mais tarde, não tenho tempo para ler, etc. Os próprios escritores evitam escrever este gênero pois temem que o livro não agrade e assim desperdiçem tempo e dinheiro.
               
     Na verdade, eu também não me interessava por este estilo de Literatura, escrever, então, nunca tinha pensado, já que gosto de grandes ações, dramas, desfechos imprevisíveis. Mas, comecei a rever meus conceitos, percebi que a vida real, com personagens de carne e osso possui todos esses componentes, e que sua narrativa não precisa ser apática.
              
     Uma biografia, não precisa ser fria, tipo (X nasceu em..., aos doze anos se mudou para...). Pode-se e até mesmo deve-se temperar a narrativa, descrevendo os fatos com ênfase, uma biografia romantizada, com espaço para o autor expôr seus sentimentos em relação ao personagem.
               
     Fiquei impressionadíssima com um livro de Alexandre Dumas, "Napoleão - Uma Biografia Literária", um relato cronológico, feito por um contemporâneo de Napoleão Bonaparte, uma obra de arte que vai além do mito, da formalidade exigida, quando se fala de uma personalidade famosa. Com Dumas é como se voltássemos ao passado, ele nos revela um homem e seus sentimentos por trás do título de imperador. E fez isso numa época em que tomar algum partido, revelar suas opiniões era muito mais perigoso.
               
     Recomendo este livro para todos, se for leitor e pensa que biografias são entediantes, vai se surpreender. Se for escritor, é uma dica, se alguma vez pensou em escrever uma biografia e não sabe por onde começar. Sou suspeita para falar, além de escrever, sempre amei a História, não somente a que se ensina nas escolas, mas também gosto de saber quem eram, o que pensavam os grandes filósofos, revolucionários, reis, etc. O que os levava a tomar determinadas decisões, quem eram seus grandes amigos, o que os influenciava...
               
     Para que uma biografia prenda a atenção do leitor é preciso que o autor tenha bastante conhecimento sobre a personalidade que ele vai homenagear. Mesclar datas e fatos oficiais com acontecimentos engraçados, comoventes, familiares da vida do personagem. Para que no futuro, quem não conheceu tal pessoa possa identificar quem ele realmente era, e que espere ansiosamente, a cada página virada, uma nova surpresa, um conflito, a gafe da vez, ou seja, o inesperado.
                
     Devemos lembrar que uma obra biográfica é uma prova eterna do que fizemos e quem fomos, mas para ser realmente boa deve dizer também o que sentimos. Nenhum texto agrada se não tiver sentimento entre os seus ingredientes. Muitas coisas feitas no passado foram destruídas, mas se foram eternizadas por um escritor, elas viverão eternamente, não podemos vê-las, mas podemos senti-las.
                 
     Assim, um escritor ao escrever, imortaliza épocas, pessoas, preserva marcos da humanidade, memórias e sentimentos.
       
     http://oliteratico.webnode.com/news/biografia%20com%20emo%C3%A7%C3%A3o

     Ana Luiza Lettiere Corrêa (Ana Lettiere), 28 de Abril de 2009

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