sábado, 31 de dezembro de 2011

Lua inspirando esse novo tempo que logo chegará!

Em breve Mercúrio passará seu reinado para a Lua, a regente de 2012, uma dama cheia de fases e faces repletas de significados... Se isso é bom? Bem, sempre espero o melhor e a Lua é amiga inseparável da Terra, além de ser musa imortal dos artistas, confidente dos sonhadores e bússola para muitos trabalhadores... ou seja, só fatores positivos que nos inspiram e orientam a nos adaptar e renovar!





Já estamos numa espécie de contagem regressiva, faltam poucas horas para a chegada de um Novo Tempo, um acontecimento maravilhoso especialmente quando refletimos e percebemos que milhões de pessoas estão na mesma sintonia, purificando o astral, levando em frente só o que é bom, renovando esperanças, se tornando melhores para receber e principalmente ofertar o Bem ao Universo e a todos os seres, pois o que oferecemos é o que somos, e é isso que fica gravado na História... por isso é importante cultivar somente energias elevadas, com alegria, amor, luz e respeito para com os mais diversos tipos de filosofia! O que peço para esse ano que virá e sempre, é que eu seja uma amiga melhor a cada dia, para vocês que fazem parte da minha família da internet, pessoas digníssimas que um dia me deram a chance de fazer parte de sua caminhada! A 2011 tenho muito a agradecer, em alguns aspectos fui além do que sonhei e serei eternamente grata a todos que me incentivaram e (ou) auxiliaram! Sabem... Sou feliz! Claro, tenho meus desafios, percalços, não moro em uma nuvem sei que o mundo tem inúmeras coisas a serem melhoradas... Mas na contabilidade geral, sou privilegiada em meu viver pelo pai, irmã e amigos que tenho! Então, que venha 2012 e seja um ano pleno em forças construtivas para todos, que suas vidas sejam tocadas apenas por Amor, Paz, Felicidade, Sonhos, Saúde, Sucesso, Amizade, Inspiração, Gratidão, Generosidade e Sensibilidade! Recebam meus beijos, abraços, aplausos e meu MUITO OBRIGADA, por tudo!!!
   Música fascinante em homenagem à Rainha de 2012, a Lua! Por uma dessas "coincidências" da vida, sempre amei essa música, ela me acalma, sempre quis compartilhá-la devidamente e nunca encontrei uma situação interessante na net para postá-la. E agora, pelo visto esse é o melhor momento! Fiz bem em esperar, uma ocasião realmente marcante para todo o Universo!





Tradução:

Somente você, pode ouvir minha alma. 
Somente você, pode ouvir minha alma.


Você, Lua 
quantas são as canções que ressoam 
desejos que através dos séculos 
marcaram o céu para chegar a você 
porto para poetas que não escrevem 
e seguidamente perdem suas cabeças. 
Você que acolhe os suspiros de quem sofre por amor 
e doa um sonho a cada alma. 
Lua que me olha, agora ouça-me.


Somente você, pode ouvir minha alma. 


Você, Lua 
que conhece o tempo da eternidade 
e a trilha estreita da verdade 
faça mais luz neste meu coração 
este coração de homem que não sabe, não sabe. 


Que o amor pode esconder a dor 
como uma chama pode queimar-lhe a alma. 


Você, Lua 
você clareia o céu e a sua imensidão 
nos mostra somente a metade que quer 
como quase sempre depois nós faremos 
anjos de argila que não voam 
almas de papel que se incendeiam 
coração como folhas que depois caem 
sonhos feitos de ar que desaparecem 
filhos da terra e filhos seus.


Que sabe que o amor pode esconder a dor 
como a chama pode queimar-lhe a alma.


Mas é com o amor que respira 
é o nosso coração, é a força que tudo movimenta e ilumina. 


Somente você, pode ouvir minha alma.
Somente você, pode ouvir minha alma.


(https://www.vagalume.com.br/alessandro-safina/luna-traducao.html)





Tradução:

Você sempre está indo para algum lugar 
Fortes chuvas que enchem os mananciais 
Você está caindo para o fundo 
E a alma que aquece meus olhos 
e ainda gosto muito de você

E a noite vai embora 
Entre os meus pensamentos, não 
enquanto observamos essas 
lindas estrelas

Você vai pra onde quer ir 
pelos ventos que agitam os sinos. 
Aqui em baixo, aqui em baixo 
entre a lama e as nuvens 
nem o tempo atrasa meus passos de perto de você.

Toda noite quando vou embora 
sonho nós lá em cima perto 
daquelas belíssimas estrelas

Você se esconde e vai 
as sombras 
lá nos cercam 
Lindas estrelas

E se assim quiser, gosto

E a cada dia que vou, 
a cada momento, 
vou tentar te dar essas Belas estrelas

Vou tentar, vou tentar e encontrar a mais bela estrela

A mais bela estrela para você.


(https://www.letras.mus.br/andrea-bocelli/1147011/traducao.html)


Vídeos: https://www.youtube.com
Imagem: http://www.fotoseimagens.etc.br/n/foto-imagem-lua-3d https://pt.wikipedia.org

Ana Lettiere

Me tornando uma Balzaquiana (Meus trinta aninhos)

      Oi, amigos!
      Faz um tempinho que estou preparando esta postagem, e nos últimos dias corri para concluir, pois não queria terminar 2011 sem publicá-la, estou  muito contente por ter conseguido terminar a tempo e sinceramente espero que a apreciem!
      Bem, sou o tipo da pessoa que adora comemorar e compartilhar boas energias, por isso estou aqui para festejar meus 30 anos (14 de Dezembro) também ao lado de vocês, que fazem parte de minha jornada e me concedem a honra de conhecer um pouco do seu mundo. Pode parecer bobagem para muitos, mas esta data é muito especial para mim, é como se fosse minha segunda recepção de quinze anos... eu, ainda e sempre sonhadora, mas agora mais experiente... Tudo que aprendi, vi, ouvi, enfim vivi, me marcou profundamente, mas faço questão de só cultivar com vigor, o Bem, seja qual for seu nome e aparência!
    É, tanta coisa aconteceu desde aquela noite, aquela festa na qual eu toda animada posei de branco para uma das fotos oficiais! Estava ao lado de minhã irmã e minhas amigas, Bárbara, Ana Luísa, Suellen e Roberta sob um florido pé de acácia... E meu pai feliz da vida na festa, recepcionando os convidados, sorrindo... Memórias que levarei comigo para sempre, lindas, inesquecíveis!
     Engraçado, sou uma apaixonada por músicas clássicas, violinos, pianos, orquestras maravilhosas... mas existe uma música extremamente singela que sempre fez parte de minha História, desde pequenininha, não consigo ignorar e não consigo ouvir sem que venham lágrimas aos meus olhos... Estrela do Mar... Não tem um porque racional, eu acredito... é coisa de emoção, de sonho, de anjo, de um tempo que agora só consigo alcançar com minha arte!



      E essa arte é meu tudo, é o alicerce de meu castelo, me protege, me faz caminhar e brinda cada um de meus passos com pessoas que, de tão sábias, jamais pensei que encontraria em minha humilde estrada, porém, quis o Destino que o mesmo Universo que as fez inspiradas as presenteasse com alma gentil e generosa permitindo assim este encontro e mais, permitiu que eu as tenha como verdadeiras, preciosas amigas!
      Sim, posso dizer que de todas as previsões que já fizeram sobre mim, a mais bonita é a que vem se realizando a cada dia... ser uma escritora... tenho ainda um longo percurso a trilhar, mas repleto de paisagens lindas, perfumadas onde cada passo conduz a visões maravilhosas que se fundem à minha própria essência, sem começo ou fim!
    E nesse finalzinho de ano, mais uma alegria chegou em minha vida para inspirar o início de um novo ciclo... Em 29 de Novembro deste ano, tive a magnífica honra de me tornar Membro da ASBAERJ e para aumentar ainda mais a felicidade, fiquei sabendo que sou a primeira representante de Petrópolis, RJ, nessa Ilustre Academia!

       
       Trinta anos dá direito a valsa? Claro que sim! Imagina, se eu, uma deslumbrada por nobres salões, "doida" por uma situação digna de épocas antigas deixaria de bailar! Ainda mais tendo como companhia meu grande amigo, meu pai! É como eu sempre digo: "Mulheres por mais modernas que sejam, são principalmente princesas, é isso que nutre a luz do olhar!". Isso não pode ser esquecido! É preciso brincar, "se achar" rsrsrsrs, sempre!

      E vejam só o presente que recebi da minha querida e talentosa amiga Kris Rikardsen! Ela fez esse vídeo maravilhoso usando como texto minha poesia "Virtudes Revolucionárias" que ficou em Terceiro Lugar no I Concurso Literário do Autores.com.br. Essa não é a primeira atitude de alta amizade com que Kris se faz presente em minha vida, fico emocionada por tê-la conhecido pois é a prova viva de que o mundo ainda tem sim, anjos disfarçados de pessoas! Um presente como este tem valor incalculável... saber que um coração dedicou seu tempo e carinho... Só posso gritar a todos os bons ventos que Kris é uma artista que merece todo reconhecimento, admiração e felicidade que a História e o mundo podem ofertar! Conte sempre comigo, amiga!!!



   Tenho muito a agradecer também à minha irmã, Patrícia Lettiere... que faz da vida e de toda festa uma alegria só! Amo demais minha maninha, essa ruiva meio "patricinha"... literalmente rsrsrsrs! Simplesmente, ela é o máximo... inspirada, protetora, guerreira, doce... um bálsamo de sonhos e luz capaz de vencer qualquer desafio! Valeu pelo presentão, Tritri!!! Minha eterna gratidão e amor por você sempre serão simples demais diante de sua cristalina e natural excelência em dom e caráter!

Presente da minha irmã sublime e muito amada

   Para minha Irmã e Amiga, Ana Lettiere  




Minha irmã,


Eterna amiga...


Energia, lealdade e sabedoria de todos os tempos! 


Os Deuses te presentearam...


União de todo o Bem


Faz viver em suas palavras, a História,


Traz no brilho de seu olhar


A  alegria de a cada novo dia, nascer...


Num recomeço de magia e mistério, que impera


Desperta em inspiração fecunda,


Inabalável, entre sonhos e pensamentos.


Ventos e luas em suas mãos


Desenham nobres letras,


Em realidade você as transforma


num emocionante bailar de sentimentos.


A Verde Luz te envolve, compõe em esperança,


Teu sorriso, aura de honra...


Da pura Rosa Amarela oferecida ao Universo!


Força concedida, doce abraço apertado


Nobreza, Missão


Em alma, coração...


Esta, você, corajosa guerreira,


Companheira irmã de tantas jornadas


Amiga minha de todas as horas.


Em apoio constante


Viajante dos séculos,


Seu nome para sempre será lembrado


Como Fonte de Amizade!
                             
                           Patrícia Lettiere (14/12/2011)
           
            E agora me encaminhando para o final da postagem aproveito para compartilhar com vocês outra música que me envolve numa atmosfera de completa fascinação. É incrível, mas sempre a ouvi e gostei mas até bem pouco tempo não sabia o nome nem a qual artista pertencia, de repente, vendo mensagens em pps e cartões virtuais que tinha recebido durante minha existência virtual e percebendo a grande quantidade de vezes em que essa música aparecia, porém, infelizmente não era identificada nos créditos das obras, pensei "Ah, não! Tenho que descobrir que música é essa." . E quem me conhece sabe que quando eu cismo com uma coisa fico bem chata, não paro de tentar uma solução, uma resposta... e foi assim... já estava quase desistindo de encontrar, quando parei e ouvi atentamente a letra da música e fazendo uso de meu inglês um tanto quanto precário rsrsrs, digitei uma frase, então surgiu uma pista a qual fui lapidando e cheguei ao resultado que agora disponibilizo. Assisti versões maravilhosas e acabei ficando na dúvida entre esta e uma só na voz do John Denver, mas acabei decidindo por esta que apresenta uma coisa que amo, união... e um dueto bem executado é a coisa mais bela que existe, principalmente quando se trata de artistas de gêneros diversos interagindo em harmonia... esta obra é um verdadeiro clássico! Que vozes perfeitas, que letra fantástica! Faz a alma da gente flutuar, se sentir em paz, em casa!   

Tradução:

Talvez o Amor

Talvez o amor seja como um lugar de descanso, um abrigo da tempestade
Ele existe para te dar conforto, ele está lá para te manter aquecido
E nas horas de turbulência, quando mais você está sozinho
A lembrança de um amor te levará para casa

Talvez o amor seja como uma janela, talvez uma porta aberta
Ele te convida a chegar mais perto, ele quer te mostrar mais
E mesmo que você se perca, e não saiba o que fazer
A lembrança de um amor fará você superar tudo

Oh, o amor para alguns é como uma nuvem, para outros, tão forte quanto o aço
Para alguns um modo de vida, para outros uma forma de sentir
E alguns dizem que o amor é se agarrar, e outros dizem que é deixar ir
E alguns dizem que o amor é tudo, outros dizem que não sabem

Talvez o amor seja como o oceano, cheio de conflitos, cheio de dor
Como uma lareira quando faz frio lá fora, como o trovão quando chove
E se eu vivesse para sempre, e todos os meus sonhos fossem realizados
Minhas lembranças de amor seriam de você

E alguns dizem que o amor é se agarrar, e outros dizem que é deixar ir
E alguns dizem que o amor é tudo, outros dizem que não sabem

Talvez o amor seja como o oceano, cheio de conflitos, cheio de dor
Como uma lareira quando faz frio lá fora, como o trovão quando chove
E se eu vivesse para sempre, e todos os meus sonhos fossem realizados
Minhas lembranças de amor seriam de você

(https://www.letras.mus.br/john-denver/10456/traducao.html)


E já que estamos nesse clima musical e sou uma curiosa de mão cheia resolvi pesquisar que obras tocavam no ano em que nasci (1981)! Poderão encontrá-las em http://www.planetarei.com.br/100anos/index.htm (Com este link temos acesso às 100 músicas mais tocadas e muitas outras curiosidades de cada ano, vale muito a pena conhecer!)

Bem, amigos, todos vocês, da internet... não vou citar nomes pois poderia esquecer de alguém e sem querer, magoar, além disso, vocês sabem muito bem o quanto gosto de vocês, estão guardadinhos em meu coração, minha admiração por vocês é inabalável! Só posso dizer muito obrigada pela bondade e compreensão de sempre para com esta amiga que tem tanto ainda a aperfeiçoar!

Créditos:

Canal de Kris no You Tube: https://www.youtube.com/user/zanauniv Vídeos: https://www.youtube.com
Imagem: Acervo Pessoal

Beijos e Abraços,
Ana Lettiere


III - Artes Plásticas Neoclássicas

A arte neoclássica européia exaltava a natureza. O ideal da vida bucólica, simples, onde reinava o desejo de fuga das cidades e a busca por lugares amenos se fazia presente em cada obra. Os neoclassicistas formavam a arte burguesa, que ascendia e combatia a vida luxuosa da nobreza, havia a constante rivalidade com o Barroco, a chamada arte cortesã (dos nobres), gênero considerado extremamente exagerado, com seus temas religiosos. As artes plásticas neoclássicas também exaltavam os feitos heróicos, retratos de batalhas, sempre privilegiando a forma e a harmonia nas obras. Discordava somente da noção de beleza eterna defendida durante o período clássico renascentista, para os neoclássicos a arte tinha que se identificar com os padrões da modernidade.

Grandes artistas da História fizeram parte da sociedade neoclassicista européia, por exemplo:

François Rude (Dijon, 4 de Janeiro de 1784 - 3 de Novembro de 1855)



Escultor que estudou na Escola Real de Desenho de Dijon. Em 1833 recebeu a Cruz da Legião de Honra (criada em 20 de Maio de 1802 por Napoleão Bonaparte, é a mais significante honraria francesa, prêmio oferecido até os dias atuais aos cidadãos com méritos eminentes) por sua criação “Jovem Pescador Napolitano brincando com uma tartaruga”, em seguida foi convidado a executar um importante conjunto no Arco do Triunfo “A Marselhesa”.





Também criou as estátuas “Joana D'Arc” e “Gaspard Monge”.



Jean-Baptiste Debret (Paris, 18 de Abril de 1768 - Paris, 28 de Junho de 1848)



Em França, Debret se dedicava a temas napoleônicos. Algumas de suas principais obras são os quadros “Primeira distribuição das Cruzes da Legião de Honra, em 14 de Julho de 1804”



e “Régulus voltando a Cartago”.



Jacques-Louis David (Paris, 30 de Agosto de 1748 - Bruxelas, 29 de Dezembro de 1825)



Foi o pintor oficial da Corte Imperial Francesa. São algumas pinturas do artista “A Morte de Sócrates”, “O Juramento dos Horácios”, “A Coroação de Napoleão”, “Retrato de Lavoisier” e “Os Litores”.







As duas últimas sendo censuradas na época, por se tratarem de obras ligadas à Revolução Francesa.

As Artes Plásticas neoclássicas foram efetivamente introduzidas no Brasil a partir da Missão Artística Francesa em 1816 (projeto liderado por Joachim Lebreton) já que ser um artista neoclássico na França depois da queda de Napoleão Bonaparte (o maior incentivador dessa arte, mecenas de artistas  como Debret e David) se tornou inviável e até mesmo perigoso, já que muitos artistas temiam até por suas vidas diante do retorno dos Bourbon. Era necessário voar, buscar terras em que a arte tivesse a liberdade tão almejada por esses artistas, um novo horizonte onde além de criar suas belas obras, pudessem também compartilhar seus conhecimentos sem receio. Fundaram no Rio de Janeiro a Academia de Artes e Ofícios, sendo depois chamada de Academia Imperial de Belas Artes. Os maiores representantes da arte neoclássica no Brasil foram:

*Jean-Baptiste Debret - membro da Missão. Uma de suas obras inspirou a Bandeira Republicana do Brasil (a atual). Permaneceu no Brasil por 15 anos. Aqui suas obras se inspiravam em cenas do cotidiano brasileiro e paisagens. Ao retornar para a França lançou “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”, obra que reunia 153 pranchas e textos, explicando o significado de cada desenho. Entre as principais criações de Debret inspiradas no Brasil estão os quadros “Guerreiro indígena à cavalo”, “Dom João VI” e “Castigo de escravo”.







*Nicolas-Antoine Taunay (Paris, 10 de Fevereiro de 1755 - Paris, 20 de Março de 1830)



Professor, pintor e ilustrador. Foi aluno de Jacques-Louis David na Escola de Belas Artes de Paris, também fez parte da Missão Artística Francesa. No Brasil tornou-se um dos fundadores da Academia Imperial de Belas Artes (AIBA) e tornou-se professor de pintura de paisagens na Academia Real. São algumas obras do artista “Vista do Outeiro” e “Largo da Carioca”






*Johann Moritz Rugendas (Augsburgo, 29 de Março de 1802 - Weilheim, 29 de Maio de 1858)



Chegou ao Brasil em 1821 na Missão Científica do Barão de Georg Heinrich von Langsdorff, com o objetivo de obter material para desenhos e pinturas. Viajou por todo o Brasil, pintando cenas do cotidiano e natureza brasileira. O artista pintou entre outras, as obras “Índios em uma fazenda de Minas Gerais”, “Castigos Domésticos”, “Capitão do Mato”, “Roupas Típicas” e “Navio Negreiro”.






*Manuel de Araújo Porto-Alegre (Rio Pardo, 29 de Novembro de 1806 - Lisboa, 30 de Dezembro de 1879)



Pintor, historiador de arte, crítico, professor, diplomata, arquiteto e caricaturista. Também foi escritor do romantismo. Aluno e discípulo de Jean-Baptiste Debret na Academia Imperial de Belas Artes. Patrono da Cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras. Em 1874 recebeu do Imperador D. Pedro II o título de Barão de Santo Ângelo. Algumas de suas famosas obras são “Selva Brasileira”, “Pietà” e “Dom Pedro I”.



E assim é a arte, amadurece no tempo certo, não se atrasa nem se adianta, caminha no ritmo dos sonhos e pensamentos humanos (mesmo que por natureza ela possa ser mais veloz, nunca abandona seus amigos). Não existe História sem arte, existem fatos. Um documento pode esclarecer acontecimentos. Mas uma escultura, arquitetura, música, quadro, livro, revelam a essência, trazem à tona mesmo muito tempo depois o que se passava no coração do guerreiro, na alma do filósofo, no olhar do índio... nenhum detalhe escapa à sensibilidade do artista. História não se faz somente com contabilidade de números de erros e acertos ou vitórias e derrotas, ela se faz presente nas buscas coletivas ou individuais, sonhos, alegrias e tristezas. Alguns retratos são pomposos à primeira vista, mas se por um instante pararmos e observarmos, compreenderemos a outra face, um gesto vacilante do personagem diante de um ideal que se concretiza além das preocupações com as armadilhas que o destino lhe reserva. Escrevo isto porque muitos dos artistas que acabei de apresentar, como tantos outros, retrataram a vida e os lugares por onde passaram heróis famosos ou não, são testemunhas, ou melhor são também heróis dignos de apaixonados aplausos, pois se lançaram no mundo em meio à tempestade e ousaram semear uma faísca de Sol, esta luz cresceu, e não só venceu a tempestade, como iluminou o mundo inteiro.

Créditos:
Fonte de Informação https://pt.wikipedia.org
Imagens extraídas de https://pt.wikipedia.org
Autores e Títulos segundo a ordem de postagem:

*François Rude
A Marselhesa
Joana D'Arc

*Jean-Baptiste Debret
Primeira distribuição das Cruzes da Legião de Honra

*Jacques-Louis David
Coroação de Napoleão
Portrait of a Young Woman in a Turban
Serment de l'armèe fait à L'Empereur après la distribution des Aigles 5 Décembre 1804

Guerreiro Indígena à Cavalo (Debret)
Second Marriage de S. M. I. D. Pedro I er (Debret)
A Brazilian family in Rio de Janeiro (Debret)

*Nicolas-Antoine Taunay
Largo da Carioca
Cascatinha da Tijuca
Vista tirada do Morro da Glória 1820

*Johann Moritz Rugendas
Índios em uma fazenda de Minas Gerais
Capitão do Mato
Roupas típicas do Rio de Janeiro

*Manuel de Araújo Porto-Alegre
Selva Brasileira

Ana Lettiere

II - Literatura Neoclássica (Arcadismo)

No Brasil, a Literatura Neoclassicista (Arcadismo) se fez mais presente no Estado de Minas Gerais, com os ideais Iluministas franceses sendo adotados pelos intelectuais burgueses brasileiros. O Arcadismo brasileiro acrescentou elementos nacionais ao gênero, tais como elementos da fauna e flora brasileira, temas coloniais, história do Brasil homenageada em poesias heróicas, sátiras políticas e abordagem do índio.
                
       Aqui também o movimento além de cultural ganhou caráter social, já que muitos artistas neoclassicistas se envolveram ativamente na Inconfidência Mineira. Dentre os mais representativos selecionei três:
                
       *Cláudio Manuel da Costa - 5 de Junho de 1729, Vila do Ribeirão do Carmo (Mariana)/ 4 de Julho de 1789, Vila Rica (Ouro Preto).






Esse jurista e poeta participou da Inconfidência Mineira e também foi mecenas de Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho). Autor de “Obras Poéticas”, “Soneto”, “Vila Rica”, “Entre o Velho e o Novo Mundo”, entre outros. Quanto à morte de Cláudio Manuel, as circunstâncias são misteriosas e contraditórias, alguns acreditam que foi suicídio, outros, assassinato. Eu, particularmente acredito na segunda alternativa, pelo fato do artista ser um dos participantes da Inconfidência Mineira e ter morrido na prisão, ainda mais numa época em que qualquer tentativa de mudança de vida ou pensamento era combatida com extrema violência pela Coroa. O escritor é Patrono da Cadeira 8 da Academia Brasileira de Letras.
     
        Trecho de “Soneto”
       
            “Destes penhascos fez a natureza
             O berço, em que nasci: oh quem cuidara
             Que entre penhas tão duras se criara
             Uma alma terna, um peito sem dureza!”


CANTO I (Esse é somente um trechinho do Canto I do grande e poderoso escrito"Vila Rica". Pode acreditar, você vai querer ler a obra toda! Então deixo aqui os links: vá até http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=16557, clique em Baixar e será aberta a página do texto http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/fs000043.pdf. E aqui você tem acesso a mais obras do mesmo escritor http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?select_action=&co_autor=28

Cantemos, Musa, a fundação primeira
Da Capital das Minas, onde inteira
Se guarda ainda, e vive inda a memória
Que enche de aplauso de Albuquerque a história.

Tu, pátrio Ribeirão, que em outra idade
Deste assunto a meu verso, na igualdade
De um épico transporte, hoje me inspira
Mais digno influxo, porque entoe a Lira,
Por que leve o meu Canto ao clima estranho
O claro Herói, que sigo e que acompanho:

Faze vizinho ao Tejo, enfim, que eu veja
Cheias as Ninfas de amorosa inveja.

E vós, honra da Pátria, glória bela
Da Casa e do Solar de Bobadela,
Conde feliz, em cujo ilustre peito
De alta virtude respeitando o efeito,
O Irmão defunto reviver admiro:
Afável permiti que eu tente o giro
Das minhas asas pela glória vossa,
E entre a série de Heróis louvar-vos possa.



*Tomás Antônio Gonzaga - 11 de Agosto de 1744 (Miragaia, Porto, Portugal)/ Ilha de Moçambique, 1810.




Jurista e poeta. Escreveu “Tratado de Direito Natural”, “Marília de Dirceu” (a terceira parte não foi escrita pelo poeta) e “Cartas Chilenas” (alguns acreditam que o poeta ao escrever esta obra estava sob forte influência de Cartas Persas, de Montesquieu). Tomás Antônio também participou da Inconfidência Mineira. É Patrono da Cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras.

       Trecho da Parte I, Lira I, de Marília de Dirceu (Leia a obra completa  http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000301.pdf). Conheça também "Cartas Chilenas", escrito do mesmo autor   http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000300.pdf.
 
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
                 Graças, Marília bela,
                 Graças à minha Estrela!

Eu vi o meu semblante numa fonte,
Dos anos inda não está cortado:
Os pastores, que habitam este monte,
Com tal destreza toco a sanfoninha,
Que inveja até me tem o próprio Alceste:
Ao som dela concerto a voz celeste;
Nem canto letra, que não seja minha,
                  Graças, Marília bela,
                  Graças à minha Estrela!

Mas tendo tantos dotes da ventura,
Só apreço lhes dou, gentil Pastora,
Depois que teu afeto me segura,
Que queres do que tenho ser senhora.
É bom, minha Marília, é bom ser dono
De um rebanho, que cubra monte, e prado;
Porém, gentil Pastora, o teu agrado
Vale mais q’um rebanho, e mais q’um trono.
                       Graças, Marília bela,
                       Graças à minha Estrela!

Os teus olhos espalham luz divina,
A quem a luz do Sol em vão se atreve:
Papoula, ou rosa delicada, e fina,
Te cobre as faces, que são cor de neve.
Os teus cabelos são uns fios d’ouro;
Teu lindo corpo bálsamos vapora.
Ah! Não, não fez o Céu, gentil Pastora,
Para glória de Amor igual tesouro.
                 Graças, Marília bela,
                 Graças à minha Estrela! 
        
 *José Basílio da Gama (São João del'Rey, 22 de Julho de 1740 - Lisboa, 31 de Julho de 1795).






Patrono da Cadeira 4 da Academia Brasileira de Letras. Poeta, escritor de “O Uraguai”, “A Declamação trágica” e “Os Campos Elíseos”.

          Trecho do Canto Primeiro de “O Uraguai” (Aprecie todas as linhas desta rica obra em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn00094a.pdf)

Fumam ainda nas desertas praias
Lagos de sangue tépidos e impuros
Em que ondeiam cadáveres despidos,
Pasto de corvos. Dura inda nos vales
O rouco som da irada artilheria.
MUSA, honremos o Herói que o povo rude
Subjugou do Uraguai, e no seu sangue
Dos decretos reais lavou a afronta.
Ai tanto custas, ambição de império!
E Vós, por quem o Maranhão pendura

Rotas cadeias e grilhões pesados,
Herói e irmão de heróis, saudosa e triste
Se ao longe a vossa América vos lembra,
Protegei os meus versos. Possa entanto
Acostumar ao vôo as novas asas
Em que um dia vos leve. Desta sorte
Medrosa deixa o ninho a vez primeira
Águia, que depois foge à humilde terra
E vai ver de mais perto no ar vazio
O espaço azul, onde não chega o raio.
Já dos olhos o véu tinha rasgado
A enganada Madri, e ao Novo Mundo
Da vontade do Rei núncio severo
Aportava Catâneo: e ao grande Andrade
Avisa que tem prontos os socorros
E que em breve saía ao campo armado.
Não podia marchar por um deserto
O nosso General, sem que chegassem
As conduções, que há muito tempo espera.
Já por dilatadíssimos caminhos
Tinha mandado de remotas partes
Conduzir os petrechos para a guerra.
Mas entretanto cuidadoso e triste
Muitas cousas a um tempo revolvia
No inquieto agitado pensamento.

    E agora confesso que na maior segurança já estava preparada para ir ao site Domínio Público, copiar um trecho de "A Declamação Trágica" e indicar um link para os amigos leitores conhecerem toda obra, mas me fascinei com o escrito, é tão emocionante que resolvi colocá-lo integralmente aqui. Espero que apreciem:


Tu, que os costumes nossos melhor que ninguém pintas,
Ensina-me o segredo, com que dás alma às tintas.
Empresta-me as imagens, a quem dão vida as cores,
Quadros, que a tua mão quis semear de flores.
Tu nos deixaste as leis dos números diversos,
Despréaux, eu canto a Arte de recitar os versos.
A Dama, que em teus muros, magnífica Lisboa,
Espera ornar a frente co'a trágica coroa,
Se quer que em seus louvores o povo se desvele,
Estude o que é Teatro antes de dar-se a ele.
Aprenda a magoar os insensíveis peitos,
E saiba da sua arte as regras, e os preceitos.
Deve pensar, sentir; ou a balança justa
Do povo há de ensinar-lho um dia à sua custa.
A Corte lhe promete conquistas de mil almas,
E para a nobre testa pronta lhe oferece as palmas.
Do público o bom gosto segura-lhe a vitória,
E abre-lhe um caminho mais fácil para a glória.
Lê nos turbados olhos do seu triunfo efeitos.
Tem no teatro um trono, reina nos nossos peitos.
Vós, que buscais a glória, não procureis atalhos:
O plácido descanso é filho de trabalhos.
Pisai o ócio vil, que flores tem por leito:
Exercitai a voz, e cultivai o peito.
Lede no coração, sondai a Natureza.
Sabei as doces frases da língua Portuguesa.
Luzir não pode a Dama, que a sua língua ignora,
Apesar dos tesoiros, que espalha quem a adora.
O povo, assim que a vê, começa a assobiar:
Para falar em verso convém saber falar.
Julgai a sangue frio, e examinai por gosto
Que paixões, que caráter exprime o vosso rosto.
Nele hão de respirar as iras, o furor,
E por seu turno a raiva, o ódio, a ambição, o amor.
Talvez a enternecer-nos vosso desejo aspira?
Fazei com esses olhos que eu na infeliz Zaíra
Veja a cruel batalha de um peito generoso,
Que perde as esperanças de vir a ser ditoso:
Quando banhando as mãos do Pai, a quem adora,
Prefere ao seu Amante um Deus, que ainda ignora.
Nos papéis furiosos quereis levar a palma?
Pinte o terror dos olhos toda a desordem d'alma.
Seja funesta a voz, horrendo, e incerto o passo.
De vosso rosto o povo leia no breve espaço
Projetos horrorosos, que forma um'alma impia;
E, apenas vós saís, em vós veja Atalia,
Que sobre si já sente a mão que chove os raios.
Cercada de remorsos, entre cruéis desmaios,
Uni, se é que quereis arrebatar-nos logo,
A um medonho aspecto um coração de fogo.
O público embebido c'oa trágica grandeza
Olha pra o vosso estado, não olha pra beleza.
Estátuas, sobretudo, Melpômene aborrece,
Em cujos frios rostos paixão não aparece.
Cheias de afetação, seus insensíveis peitos
Com arte dão suspiros, chorando fazem jeitos.
A Dama presumida estuda o dia inteiro
Um brando mover de olhos, ao vidro lisonjeiro.
Vai, um por um, dispondo por simetria os passos,
E aplaude ao movimento dos vagarosos braços.
Do vidro, que te engana, não sigas o conselho.
Busca, que dentro d'alma tens o melhor espelho.
Defronte dos cristais, que adulam a vaidade,
Não, a razão não julga: quem julga é a vontade.
Porque feições alheias, por obra do artifício,
Vos formam da beleza o mágico edifício,
C'oa roupa flutuante azul, e cor-de-rosa,
Cuidais que fingis Vênus, ou Palas majestosa?
Não vedes que a soberba vos alucina, e cega?
Voss'alma porventura toda jamais se entrega?
Os vossos olhos mortos nunca disseram nada?
Moveis-me ao pranto, ainda de lágrimas banhada?
Mas vós continuais com um doce sorriso!
Assim, assim na fonte se contemplou Narciso.
Dentro do vosso peito é que podeis achar
A arte de enternecer, e o modo de agradar.
Depois de um longo estudo de um dia, e outro dia,
Saí: o vosso gênio vos servirá de guia.
Já o Casquilho louco, que é de si mesmo amante,
Chega, desaparece, torna no mesmo instante,
Inficionando o ar c'o almíscar que em si deita.
O sério Magistrado se entesa, e se endireita.
O grosso Negociante, que o ler tem por desdoiro,
Todos os seus desejos comprando a peso de oiro,
Pende de vossa boca no curvo anfiteatro.
Fica a platéia atenta c'os olhos no teatro.
Por vós é que se espera: está tudo em segredo:
Olhai pra multidão sem enfiar de medo.
Mas nunca os vossos olhos doces, e encantadores
Pareça que mendigam do público os louvores.
Desdenha esse artifício o público arrogante.
Zomba da namorada, honra a representante.
Entrando, o vosso andar simples, e majestoso
Ofreça aos nossos olhos um ar imperioso.
Conforme a agitação seja também diverso:
Rápido, ou vagaroso, como o pedir o verso.
Que sem afetação, na encantadora sala,
Imitem as ações tudo o que a língua fala.
Cuidai em reprimir-lhe o excesso tão-somente.
Que sirvam as paixões de intérprete eloqüente.
Não posso ver as mãos, que de seu sítio saem,
Erguem-se por engonços, e por engonços caem.
Por isso as cenas mudas querem estudo à parte.
Nelas é que consiste todo o triunfo d'arte.
Então é que o talento chega à maior altura.
A glória das ações é toda da figura.
As vossas narrações mostrem o interno fogo:
O público impaciente quer tudo saber logo.
Perca-se embora o verso, mas vagaroso, e lento
Da tímida platéia não canse o sofrimento.
Quem quer que um doce engano cause o maior deleite,
Ao severo costume convém que se sujeite.
Rio-me da figura, que indigna do seu posto
Sacode o jugo, e traja como lhe pede o gosto;
E que é tão atrevida, que por empresa toma
Varrer com um donaire o pó da antiga Roma.
Fora de seu lugar não afeteis riqueza:
Olhai para o papel, segui a Natureza.
Representais Electra nos criminosos lares?
Lembrai-vos que é cativa, que vive entre pesares.
Não brilhe a sua testa, não resplandeça o manto,
Não sofre alegres cores rosto, que ofusca o pranto.
O povo, que vos julga, e que examina os erros,
Não quer de vós rubins, quer tão-somente ferros.
Abri a antiga História, ali vereis dispersas
Pelos diversos climas trinta nações diversas.
Examinai-lhe os gostos, a inclinação, os Numes,
Quais eram seus vestidos, as artes, os costumes.
A Fábula engenhosa, que úteis enganos tece,
Todos os seus tesouros liberalmente ofrece.
Ali é que a Verdade, que ornatos vãos reprova,
Sendo no fundo a mesma, sempre parece nova.
Aqui encontrais Dido, que à pena não resiste:
Seu rosto descorado cobre uma nuvem triste.
Forceja o roto peito lutando com a morte:
Levanta-se três vezes, e cai da mesma sorte.
Seus olhos, que expirando guardam de Amor a chama,
Parece que inda pedem aos Céus o Herói que el'ama.
Chora de dor, e de ira: só com suspiros fala.
Procura a luz do dia: geme depois de achá-la.
Niobe mais além, mulher soberba, e ousada,
A Mãe mais atrevida, e a Mãe mais desgraçada.
Os filhos uns sobre outros, os filhos seus amados,
Que vista dolorosa! de setas trespassados.
À força de sentir parece que não sente.
O rosto descaído, olhando fixamente,
Muda ficou. As mágoas nela puderam tanto,
Que se secou nos olhos a fonte do seu pranto.
Àquele seu silêncio nenhuma voz iguala.
A voz da natureza no seu silêncio fala.
Quereis que uma Rainha, que tem consigo guerra,
Que traz no rosto os crimes, que vê rasgar-se a terra,
Que a roupa, e todo chão vê de seu sangue asperso,
No último suspiro dê a pancada ao verso?
Quereis que uma Donzela, que creu em fé perjura,
Aflita, abandonada no horror da noite escura,
Gritando se resolva ao temerário efeito,
E que se lembre da arte quando trespassa o peito?
Rainha, que o teatro por breve tempo adora,
Esse orgulhoso fasto não conserveis cá fora.
Deixai na cena o cetro, a raça ilustre, e nobre,
E a pompa, que a meus olhos vos rouba, e vos encobre.
Tirou dentre ruínas Ferreira a Apolo aceito
A pálida Tragédia com um punhal no peito.
Os velhos seus altares junto do Tejo erguidos
Cobriu areia, e erva. Ainda mal cingidos
(Séculos infelices, e tanto enfim pudestes!)
Murcharam sobre a frente os fúnebres ciprestes.
Apareceu C*** à voz, que move, e encanta,
O corpo sobre o braço Melpômene levanta.
A ignorância, a inveja chorem de dor, e de ira.
É ela, eu ouço, eu vejo a tímida Palmira,
Que aos pés do velho Pai, inda constante, e forte,
De um crime involuntário pede em castigo a morte.
Ah! quando, ao ver o Irmão nos últimos desmaios,
Lança do peito fogo, lança dos olhos raios,
Ó alma grande, e rara, eu mesmo, eu mesmo o vi,
O Gênio de Voltaire erra ao redor de ti.
Mas eu dou-vos lições inúteis, e infiéis,
E a minha Musa irada arroja os seus pincéis,
Se eles vos não infundem soberba que se estima,
Soberba criadora, fogo que nos anima.
Não, não temais a afronta do público insolente.
Abriu, abriu os olhos a Lusitana gente.
Se já vos chamou vis, cora de tê-lo feito.
Não, não despreza as artes, que adora no seu peito.
Eu sei que um Sábio ilustre, a quem venera a Fama,
Um, que aborrece o mundo, e o mundo todo o ama,
Do seu retiro, adonde mora a verdade nua,
Troveja sobre vós com a eloqüência sua:
E no seu ócio triste cercado de desgostos
Quis corromper com fel todos os nossos gostos.
Eu tremo, e a minha Musa, por mais que se desvele,
Respeita este Demóstenes inda queixosa dele.
Mas contra as suas iras vos devo consolar.
Um Sábio enfim é homem, podia-se enganar.
Se ele de todo o mundo forma uma imagem feia,
Nós por que não faremos uma formosa idéia?
Dos crédulos humanos, Censores rigorosos,
Para que é ter invejado que nos faz ditosos?
Deixai-nos esta ao menos fantástica beleza:
Um engenhoso engano adorna a Natureza.
Roubar-nos dos talentos os dons encantadores
É despojar a terra de frutos, e de flores.
Sabei pois rechaçar seus frívolos intentos:
Lá vão os seus queixumes levados pelos ventos.
Ele, assim mesmo austero, bem pode ser vencido.
Fazei-vos estimar, e tendes respondido.
Lá numa região a nós desconhecida,
Sobre uma nuvem alta de púrpura vestida,
Levanta aos Céus um templo a soberba fachada.
Com temerosa mão proíbe o gênio a entrada
A críticos pedantes, estúpidos autores,
Que em vão forçar pertendem do século os louvores.
Mostra-se ali sem véu a cândida Verdade.
Neste palácio habita a Imortalidade.
A Preocupação, a quem o vulgo incensa,
Sem máscara bramindo foge da sua presença.
As palmas, que das artes são prêmios verdadeiros,
Se enlaçam orgulhosas co'as palmas dos guerreiros.
Neste lugar Virgílio passeia igual a Augusto,
Homero, ao pé de Aquiles não sente horror, nem susto.
Mistura a terna Safo ornada de mil flores
As murtas amorosas aos loiros vencedores.
Ovídio ali parece que a Júlia a amar ensine.
Chapemélé inda chora nos braços de Racine.
A irada de Couvreur desgrenha a trança bela.
Pára Corneille atento, e fixa os olhos nela.
Vós outras, a quem cinge Melpômene de flores,
Tendes assento ao pé dos imortais autores.
Da horrível Dumesnil o tempo não consome,
Junto ao de Crébillon, com sangue escrito o nome.
Clairon, a quem nenhuma se pode comparar,
Pôs junto de Voltaire a Glória o seu lugar.
Preparam lá triunfos para C... bela.
Assim não se resolva a recebê-los ela.
Que mágoas causaria o caso seu fatal!
Perdiam muito os homens, se a vissem imortal.

(Texto encontrado no site http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/wk000229.pdf)

Ana Lettiere