sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A Casa das Sete Mulheres: Guerra dos Farrapos


   
     Para quem gosta de História, uma boa dica é a minissérie "A Casa das Sete Mulheres" que foi exibida em 2003 pela Rede Globo. Escrita por Maria Adelaide Amaral e Walter Negrão contando com a colaboração de Lúcio Manfredi e Vincent Villari, baseada no romance homônimo de Letícia Wierzchowski. Após o sucesso na TV, a minissérie está disponível em DVD, excelente oportunidade para quem não conseguiu assistir ou então quer rever. Com certeza vale a pena!

Sou grande apreciadora de livros, filmes, novelas e minisséries de época. Esse tipo de entretenimento se torna ainda mais produtivo quando a obra trata de fatos reais. Em "A Casa das Sete Mulheres", estamos diante da Revolução Farroupilha (1835-1845). Um nobre e marcante acontecimento heróico, a luta de São Pedro do Rio Grande do Sul contra os abusos do Império. Quem lê escrito desta forma deve pensar "São todos do Brasil, mas pareciam duas nações diferentes!". E na verdade, na prática, naquele momento decisivo, essa sensação era geral. Pela política do Império, a importação de charque de países vizinhos (Argentina e Uruguai) era favorecida, prejudicando o comércio da produção interna dessa mercadoria (uma espécie de boicote ao produto nacional) cujo grande representante era o Rio Grande do Sul. Então, o Rio Grande do Sul, que no início da Revolução desejava apenas possuir maior autonomia, ao perceber que todas as tentativas de negociação com o Império terminavam fracassadas, se sentindo cada vez menos brasileiro, resolve radicalizar, deixa de ser parte do Império e se torna a República Rio-Grandense. Bravos que se recusaram a reverenciar a bandeira de um Império que os ignorava.
Nasce então uma nova bandeira, um símbolo maior da personalidade, orgulho e tradição dos guerreiros do sul.

E quando um grito por igualdade e respeito é lançado no ar por valorosos guerreiros, ele atravessa o mundo com uma velocidade descomunal e alcança os corações de outros heróis em terras distantes. Então todos se tornam irmãos, aprendem a falar a mesma língua, não existem fronteiras, forma-se uma união em nome da tão venerada Mãe Liberdade. Foi assim também neste caso, para ajudar na resistência dessa valente República, um ilustre revolucionário italiano chegou ao Brasil juntamente com alguns destemidos amigos. Tratava-se de Giuseppe Garibaldi.
Garibaldi mais tarde narraria essa história para Alexandre Dumas, referindo-se aos "Farrapos" como "Centauros do Mundo Novo", exaltando o valor e habilidade de guerreiros e cavaleiros como Bento Gonçalves da Silva, Davi Canabarro, Antônio de Sousa Neto, e muitos outros... além, claro, de Ana Maria de Jesus Ribeiro, exemplo de amazona brasileira, o grande amor de Giuseppe, a quem ele passa a chamar carinhosamente de Anita. Romance real digno de inspirar grandes obras, pois Anita e Giuseppe Garibaldi, seguiram juntos por toda vida, entre paz e guerra, heróis do continente americano e europeu, visto que após encerrar sua participação na Guerra dos Farrapos, Anita parte com Garibaldi para novos desafios na Europa.

Alguns podem dizer "Mas a República Rio-Grandense só durou dez anos (1835-1845). O que aconteceu?"
Infelizmente em toda grande causa, ideal, revolução... perto dos grandes heróis e pensadores, compartilhando de suas mesas, reuniões e comemorações, existe uma raça vil, que é a escória da humanidade, os traidores. Eles foram a praga principal que atacou a República. Numa guerra até o mais temido inimigo declarado merece respeito, pois tem coragem para se dedicar à sua causa com honra, mas um traidor é um ser que transita entre os dois lados e não pertence a nenhum, não é querido nem pelo lado favorecido por ele. Os que se lançam na luta com o peito aberto e exibem valorosamente sua bandeira, recebem da História livros inteiros, são protagonistas do destino. Os traidores se contentam em passar a eternidade em notas de rodapé.

Para nossa alegria, na minissérie, vemos muito mais do que traição, dor e morte. Desfila diante de nós, a lealdade das mulheres guerreiras, que mesmo cultivando a doçura e talentos femininos, eram capazes de ir às armas para defender o lar e a família enquanto seus esposos, noivos, pais e irmãos lutavam à quilômetros de distância. E como não admirar a fidelidade de casais como Anita e Garibaldi, Caetana e Bento Gonçalves, o amor imortal de Rosário e Estevão, entre outros.
A minissérie dá show, pelas escolhas de cenários (as cenas externas também são impressionantes, mostrando toda beleza natural das paisagens), maravilhosos figurinos de época e pela dedicação dos atores que capricharam em sua interpretação e linguagem própria.
Finalizo esta postagem reverenciando a bravura desses guerreiros que ousaram sonhar e defender seu ideal, a História segue e eles ainda vivem e inspiram, suas vozes ainda chegam aos corações dos que não se deixam escravizar. Uma vez oferecidas as cores da liberdade o mundo nunca mais poderá ser visto em preto e branco!

*Indico o livro "Memórias de Garibaldi", de Alexandre Dumas. Maravilhoso! Aventuras reais de um herói real contadas por um mestre da Literatura.

Aqui estão algumas cenas de "A Casa das Sete Mulheres", é hora de matar as saudades desta grande obra!





  *Fontes de Informação:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_dos_Farrapos

http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Casa_das_Sete_Mulheres_(miniss%C3%A9rie)#Miniss.C3.A9rie

*Vídeos:
http://www.youtube.com

*Foto:
http://pt.wikipedia.org

Muito obrigada pela sua atenção!

Abraços,

Ana Lettiere